Foi no fim da tarde de 23/11/2013...em poucas horas rolaria o
último show da primeira turnê de Jimmy Johnson no Brasil. O trânsito
completamente parado e a preocupação aumentando a cada minuto. Percebendo o meu
nervosismo, Mr. Jimmy Johnson pede calmamente para eu prestar atenção em mais
um de seus ensinamentos, provavelmente destilado em mais de 50 anos de estrada.
Yesterday have came and gone, tomorrow is unknown, ou melhor, ontem veio e se
foi, o amanhã é desconhecido. Eu peço para ele repetir, anoto a frase e
pergunto se poderia usar a frase na letra de uma música. Mr. Johnson concorda,
diz que quer participar da composição e que eu deveria dar um jeito de gravar
isso em estúdio. Essa foi a semente deste cd! Gerada a caminho do Sesc
Belenzinho, com Mr. Jimmy Johnson no banco do passageiro tentando me acalmar
com sua experiência de vida.
Só que “Tomorrow” também é a minha experiência de vida. Desde
aquele final de tarde, rolou muita inspiração e transpiração. A concepção,
composição e arranjo foi um processo árduo, mas muito prazeroso. Quantas noites
saltando da cama, pois alguma ideia nova havia pintado. Quantas tardes em casa
fazendo a sintonia fina das linhas de baixo, junto com o Fábio Basili. As
inúmeras idas à Orion Cymbals que, através do Paulinho Sorriso, gentilmente
cedeu seu estúdio para o arranjo das partes de bateria. Sem contar as tardes
com o Dado Tristão, que enfrentava sem medo a chuva e o congestionamento
infernal da capital Paulista para transcrição das linhas de teclado e metais. E
não posso me esquecer dos telefonemas pro Mr. Jimmy Johnson, para aquela
inspiração que só ele pode dar... O Edu Gomes foi mais que um produtor, foi um
verdadeiro amigo e mestre, sempre dando o direcionamento certo na hora certa,
com bom gosto e responsabilidade. E, de quebra, as ilustres participações dos
bluesbrothers Adriano Grineberg, Mauricio Sahady e Homesick Hanes. No final de
tudo, a honra de encontrar as portas da Chico Blues Records mais uma vez
abertas. Eu não poderia ter escolhido, ou melhor, ter sido brindado com time
melhor!
Nas 10 faixas, histórias reais como a faixa título e Riverside.
Outras nem tanto, como Wrong Place, Wrong Time e Up For No Good que são
parcerias com Homesick Hanes e a última tem a guitarra inconfundível de
Maurício Sahady. Catch You On The Flipside é gíria que ouço de tantos amigos de
Chicago para dizer que “nos falamos em breve” e que acabou virando um
instrumental. Também há três covers: Heap See, com a participação do próprio
autor, Mr. Jimmy Johnson. She Put The Whammy on Me, de Freddie King, é para
manter a promessa eterna de homenagear o Texas Cannonball e Lord Have Mercy On
Me, uma releitura do clássico de Junior Kimbrough.
Nenhum comentário:
Postar um comentário